sábado, 28 de fevereiro de 2009

Voar e se encantar pelo vôo...

Ela tinha cara de anjo, sorriso de menina, e a cabecinha cheia de borboletas, aliás, se tinha algo que ela realmente admirava eram elas ,as lindas e coloridas borboletas.
Admirava a leveza, a liberdade, a delicadeza, as cores, e toda beleza, que aquele ser vivo tinha, as asas, e todo encanto que elas representavam.
Mas , por mais que amasse borboletas, nunca quis ser como elas, a sua liberdade estava ali, não gostava de voar para longos e desconhecidos caminhos, procurava sempre , voar de pés no chão, sentir mas sem se perder, voar alto sim e inevitavelmente cair as vezes.
Ela gostava de tudo que era diferente, tudo que era novo, e enjoava muito das coisas, e quando tudo parecia estar indo tão bem, ela fechava os olhos e queria esquecer, porque tinha medo que os momentos felizes não se repetissem.
Ela tinha medo, medo do imprevisível, do futuro, da felicidade que poderia acabar, do sorriso que poderia cansar, da tristeza que poderia chegar.
Mas aos poucos, as borboletinhas iam voando, a carinha de anjo ia sumindo, e a menina ia crescendo.Já não enjoa mais das coisas, mas continua adorando tudo que é diferente.Ela ainda olha com a mesma leveza, mas o encanto e a magia pelo mundo não são os mesmos.
O mundo não tem todas as cores , e as pessoas, nem todas elas são como borboletas, nem todas sabem voar pro lugar certo.
Voar, hoje é atingir objetivos, é sonhar, é conquistar novamente o que já está conquistado, é olhar com mais cuidado cada atitude e cada palavra dita, é viver o amor sem medo, sem limitações ,é levar a vida mais a sério. E perceber que o mundo não para pra ver você descer de mais uma das suas viagens, e que nem sempre terá amigos pra emprestar as asas, quando você vier a perder uma das suas. É encontrar no sofrimento uma forma de repensar tudo que foi vivido, e não deixar passar as “inúmeras” chances de evoluir que nós sempre temos todos os dias.
Voar é saber aterrissar na hora certa, deixar de lado aqueles pensamentos bobos, inseguros, que são como ventanias, que atrapalham nosso trajeto.Trajeto esse que alguns tentarão atrapalhar, desviar, e quando o sorriso, vier nos seus lábios, sempre terá alguém que perdeu as asas, pra invejar toda a sua felicidade.
Voar é amar, sem pensar no que poderia ter sido e não foi,e deixar o coração acelerar sim, mas nunca deixar que vôo seja descontrolado, nunca esquecer que somos humanos, que temos limites e que por mais resistente que seja o amor, ele sempre é como um cristal, que deve ser cuidado, pra que ele não risque e nem quebre.
É perceber que uma segunda chance, não é só uma segunda chance, é um teste pra nós mesmos,por que nós todos temos a capacidade de ser felizes sempre,mas pra chegar ao nosso destino, somos nós é que vamos direcionar todos os sentimentos, temos o livre- arbítrio e poderemos sempre escolher onde pousar.
Algumas vezes, inconseqüente como somos, nos deixaremos levar pelos ventos da “curtição”, e quando a ventania passar, vai ser difícil seguir o caminho de novo, haverá choros, ameaças de perdas, mas difícil, nunca vai significar IMPOSSÍVEL!
Se amar é voar, voar é viver, é se apaixonar todos os dias pela mesma pessoa , mas nunca esquecer de voar pra dentro de si mesmo,amar a si mesmo,sempre, não ignorar erros, mas olhar pra eles como desafios, como barreiras a serem quebradas.
Pensar sim, que os erros podem um dia ter feito sofrer, chorar, cair e ter vontade de sumir, mas se não fosse por aqueles erros, talvez tudo continuasse dando errado e você nunca enxergasse o que deveria mudar, o que deveria aumentar ou diminuir, as coisas que não deveria fazer ou que deveria fazer,um erro quando corrigido na hora certa, pode evitar que uma vida, uma história torne-se completamente errada.
Porque não temos uma borracha que apague tudo que erramos, mas podemos voar mais alto, e olhar tudo lá de cima, tudo ficará pequeno, e lá bem longe das fofocas, críticas inveja, tudo ficará leve, suave e Maravilhoso.
É preciso viver a vida a cada instante, não perder um segundo do nosso vôo, que é único.Assim como toda borboleta, não somos eternos, em algum dia uma de nossas asas vai ser perdida, e chegará o tempo de apenas observar. Eterno será tudo que aos olhos dos outros puder ser lembrado, todos os sorrisos, todas as palavras, todas as lágrimas, todo amor, toda amizade verdadeira, todos os beijos e abraços apaixonados, todas as vitórias, todas as alegrias, toda a saudade, e aí quando o casulo já não nos bastar, quando ser apenas uma larva não fizer mais sentido, chegará a hora de ser BORBOLETA, e mostrar por onde passar que o Eterno não é só aquilo que dura pra sempre, mas sim tudo que nossa mente pode guardar ,tudo que podemos lembrar e sentir saudade, se emocionar e fechar os olhos como que se revivesse tudo outra vez.
Não é preciso ser eterno, é preciso fazer com que nossos atos sejam eternos, que nosso nome seja lembrado, que nosso vôo seja admirado, mesmo que só na lembrança, por que enquanto em algum lugar alguém sorrir, ou sentir saudades,seja daquele beijo seu, daquela voz, daquele abraço, daquela simples palavrinha que você dizia, daquele olhar cheio de brilho, tenha a certeza que ali nasce o “eterno”.
Cada borboleta tem sua cor, sua beleza, e ela voa com tanta leveza, e ao mesmo tempo com tanta graça, que parece mesmo que está ali pra ser percebida e admirada. E muitas vezes, nós esquecemos de olha-las, borboletas são semelhantes a nossa vida, ou será nós é que somos semelhantes á elas?
Passamos a vida inteira dentro de um casulo com medo de sair,e ser criticado e quando realmente saímos olhamos em volta e achamos que tudo é tão normal, vivemos com medo de voar, e aí quando realmente criamos asas, rotulamo-nos “velhos” pra sermos admirados, pra curtir o vôo, esquecemos de observar que a fase final é a borboleta, que no casulo, ou na fase “larva” vivemos coisas inesquecíveis, inexplicáveis, mas que ainda não temos asas, e quando realmente podemos usa-las,quando o tempo de ser independente de voar por si mesmo elas acabam se atrofiando, voamos por instantes com medo de ser capturado pelo tempo, surgem as dores, as reclamações, e quando estamos prestes a chegar lá no alto, nos deixamos cair, e preferimos não voar, apenas esperar que a vontade passe.
E eu ainda posso lembrar daquela menina com carinha de anjo, e posso ver que ela cresceu muito mais do que imagina, às vezes ela ainda se perde voando, e quem sabe por isso as vezes prefira voar mais baixo, porém com segurança.
Hoje a menina não se tornou adulta não, mas cresce e aprende que certas coisas não voltam e tudo tem que ser vivido agora, não importa o que pensem, que digam , que falem, a felicidade sempre tem que estar ali, como único rumo, e ela aprendeu algo muito mais importante, NÃO É POSSIVEL VOAR SOZINHA e muito menos sem amor!